A Prefeitura de Araxá, por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres (OPM) e em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), apresentou na manhã desta terça-feira (18), no Centro Administrativo, o Diagnóstico Situacional da Mulher Araxaense 2025. O documento, produzido pela primeira vez no município, reúne dados reais sobre a vida das mulheres araxaenses e será a base para orientar políticas públicas mais eficazes nos próximos anos.
O estudo reúne cerca de 190 indicadores nas áreas de saúde, educação, segurança pública, assistência social, trabalho e enfrentamento à violência, com dados de diversas secretarias, CRAM, CREAS, Polícia Civil, Polícia Militar, Poder Judiciário, OAB e Defensoria Pública. A pesquisa de campo entrevistou 1.664 mulheres, representando 3% da população feminina, com coleta realizada entre junho e outubro de 2025.
Os dados revelam que 21% das entrevistadas já sofreram violência doméstica e que 67,7% não denunciaram, muitas vezes por medo, vergonha ou pela dificuldade de reconhecerem os sinais da violência. O estudo também aponta a sobrecarga feminina, já que a maioria das mulheres declarou ser a principal provedora da casa e relatou altos níveis de estresse e ansiedade. As agressões, assim como ocorre no cenário nacional, acontecem majoritariamente dentro de casa e são praticadas por companheiros ou ex-companheiros.
A coordenadora da OPM, Luana Oliveira, explicou que o diagnóstico marca o início de uma nova etapa de trabalho integrado. No dia 5 de dezembro será realizado um painel técnico com toda a rede de atendimento, secretarias, Judiciário, forças de segurança e sociedade civil, para discutir os resultados e construir estratégias conjuntas. Segundo ela, o material é uma ferramenta estruturante.
“O diagnóstico não é uma ação isolada. Ele é a base que vai nortear políticas públicas, editais, campanhas e protocolos. Araxá avançou muito este ano com campanhas robustas, fortalecimento do CRAM e maior integração entre os serviços. Agora temos informações sólidas para avançar ainda mais em 2026.”
A presidente do CMDM, Leany Tupinambá, reforçou que os números confirmam discussões que já vinham sendo feitas, especialmente sobre a subnotificação da violência doméstica. Para ela, o diagnóstico abre caminho para um planejamento mais assertivo.
“Agora temos um documento técnico que permitirá ao Conselho definir ações para 2026 com mais clareza e embasamento. Também precisamos incentivar a participação das mulheres em cursos profissionalizantes, porque autonomia econômica é essencial para romper ciclos de violência. Com esses resultados, vamos formar uma comissão e trabalhar em rede com a OPM, CRAM, CREAS, RpPM (Radiopatrulha de Proteção à Mulher), Polícias e Judiciário para construir soluções efetivas.”
